🔴 EX-PRESIDENTE CONDENADO

Entenda nesta edição expressa as penas aplicadas pelo STF aos réus do processo da trama golpista

EDIÇÃO EXPRESSA ✍️ O ex-presidente da República Jair Bolsonaro e seus aliados foram condenados pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da ação sobre a tentativa de golpe de Estado.

Redação do Folha Vitória

Com os votos de quatro ministros, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados pela tentativa de golpe de Estado. Esta é a primeira vez que um ex-chefe do Executivo brasileiro é condenado pelo crime.

Além de Bolsonaro, foram atingidos pela decisão: Mauro Cid, Almir Garnier, Anderson Torres, Alexandre Ramagem, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto.

A ação analisou a participação do chamado “núcleo central” nos ataques que ocorreram em Brasília em 8 de janeiro de 2023 e em manifestações contra o resultado das eleições de 2022. 

A seguir, veja os principais pontos do julgamento: 

O papel de Alexandre de Moraes

Relator do processo, o ministro Alexandre de Moraes foi o primeiro a votar. Em mais de quatro horas de explanação, ele sustentou que todos os crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República foram comprovados. Ele destacou a existência de uma organização criminosa articulada, liderada por Bolsonaro, que usou ministros e militares de alta patente para tentar enfraquecer a confiança nas urnas e pressionar as Forças Armadas a apoiar um golpe de Estado.

Foto: Rosinei Coutinho/STF

O voto de Flávio Dino

Na sequência, Flávio Dino acompanhou Moraes. O ministro defendeu que não se tratava apenas de atos preparatórios, mas sim de condutas executórias, que efetivamente buscavam a ruptura institucional. Dino reforçou a rejeição à possibilidade de anistia, afirmando que crimes dessa natureza não podem ser perdoados. Contudo, sinalizou que poderia haver atenuação de penas para réus cuja participação foi menos relevante.

Foto: Gustavo Moreno/STF

Divergência de Luiz Fux

O ministro Luiz Fux divergiu da maioria e absolveu Bolsonaro de todas as acusações. Para ele, não havia elementos suficientes que justificassem a condenação do ex-presidente. Além disso, o magistrado questionou se o caso deveria ser julgado pelo STF, já que parte dos acusados não possui foro privilegiado. Ainda assim, ele votou pela condenação de Mauro Cid e Braga Netto, entendendo que ambos tiveram participação direta em tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A leitura do voto durou mais de 13 horas e está entre os mais longos da história do STF.

Foto: Victor Piemonte/STF

Os argumentos de Cármen Lúcia

A ministra Cármen Lúcia afirmou que a Procuradoria-Geral da República apresentou “prova cabal” da tentativa de golpe liderada por Bolsonaro. Segundo ela, houve uma sequência encadeada de comportamentos criminosos voltados a corroer a democracia brasileira. Para a ministra, o episódio de 8 de janeiro de 2023 não pode ser reduzido a um ato isolado ou espontâneo.

Foto: Antonio Augusto/STF

O voto de Cristiano Zanin

Cristiano Zanin foi o último ministro a votar, acompanhando integralmente o relator Alexandre de Moraes. Em sua manifestação, Zanin afirmou que a responsabilização dos envolvidos é um passo essencial para a pacificação do país e a consolidação do Estado Democrático de Direito. Ele aproveitou para criticar propostas de anistia defendidas por alguns setores políticos. Para o magistrado, o perdão a crimes contra a democracia impediria a reconciliação social, ao contrário do que argumentam seus defensores.

Foto: Antonio Augusto/STF

O debate sobre anistia

A questão da anistia emergiu como um ponto paralelo importante no julgamento. Parte da direita, representada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, defende o perdão como medida de pacificação nacional. No entanto, vários ministros do STF já manifestaram oposição firme contrária à anistia. Moraes lembrou que a impunidade não pode ser confundida com pacificação.

As penas aplicadas

  • Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses. Desses, 24 anos e 9 meses são de reclusão (regime fechado) e 2 anos e 6 meses de detenção (regime semiaberto ou aberto);

  • Almir Garnier foi condenado a 24 anos de prisão, em regime inicial fechado. O ex-comandante da Marinha também foi condenado a 100 dias de multa no valor de um salário mínimo por dia;

  • Alexandre Ramagem foi condenado a 16 anos, um mês e 15 dias de prisão em regime inicial fechado. O deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência também foi condenado a 50 dias de multa no valor de um salário mínimo por dia;

  • Anderson Torres foi condenado a 24 anos de prisão, em regime inicial fechado. O ex-ministro da Justiça também terá que pagar 100 dias-multa, com o valor de cada dia-multa fixado em um salário mínimo. Ele ainda perdeu o cargo de delegado da Polícia Federal;

  • Augusto Heleno foi condenado a 21 anos de prisão, em regime inicial fechado. O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional também foi condenado a 84 dias de multa no valor de um salário mínimo por dia;

  • Mauro Cid foi condenado a 2 anos em regime aberto. Os ministros do STF acolheram os benefícios acordados na delação premiada, que prevê restituição de bens e valores à Cid, além de ações contínuas para garantir a segurança do colaborador;

  • Paulo Sérgio Nogueira foi condenado a 19 anos de prisão. O regime inicial de cumprimento da pena será o fechado. O ex-ministro da Defesa também foi condenado a 84 dias de multa no valor de um salário mínimo por dia;

  • Walter Braga Netto foi condenado a 26 anos de prisão, com início em regime fechado. O ex-ministro da Defesa e da Casa Civil também foi condenado a 100 dias-multa no valor de um salário mínimo por dia;

  • Réus ainda foram condenados a pagar uma multa solidária de R$ 30 milhões;

  • Todos os réus estão inelegíveis por oito anos, pela Lei da Ficha Limpa;

  • Primeira Turma enviou os casos de Bolsonaro, Heleno, Paulo Sérgio e Almir Garnier para o Superior Tribunal Militar julgar a perda de patente.

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